sexta-feira, 1 de abril de 2005

É só um Homem só...

Esta noite o Vaticano esteve permanentemente iluminado, à excepção dos aposentos privados de João Paulo II. Esta noite os sinos tocaram em Roma. Esta noite a caminhada de um homem aproximou-se do fim.

Há poucas palavras que eu possa dizer. A proximidade da sua morte, ainda que sinónimo de paz, de conforto, de descanso, de reencontro com Deus, deixa-me um sabor amargo. Sinto-me órfão.

João Paulo II não foi um homem de consensos. Na verdade, discordei dele e de algumas palavras suas. Há muita coisa que eu preferia não ter ouvido por não me identificar com muitas das suas posições em relação a matérias que transcendem a Igreja. Mas ainda assim, João Paulo II acompanhou-me nos últimos 26 anos da minha vida (tenho 27) e com ele partilhei alegrias, tristezas, reencontros, e a grande batalha da sua vida na busca pela paz e pelo amor entre os povos.

Com João Paulo II partilhei (e partilho ainda) a grande fé em Fátima, em Nossa Senhora, nos seus milagres e na sua mensagem.

Pouco mais posso escrever neste momento. Tenho o coração apertado. Espero que o seu Calvário chegue ao fim com serenidade.

Quanto a mim, deixo-lhe o meu profundo respeito e admiração.

Que Deus o receba com a mesma alegria que João Paulo II sempre manifestou em tudo o que fez durante a sua vida e o seu pontificado.

Que Deus nos dê a todos a paz de espírito para que possamos assistir calmamente à sua partida e à sua sucessão.

"1Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o sino que ressoa ou como o prato que retine. 2Ainda que eu tenha o dom de profecia e saiba todos os mistérios e todo o conhecimento, e tenha uma fé capaz de mover montanhas, mas não tiver amor, nada serei. 3Ainda que eu dê aos pobres tudo o que possuo e entregue o meu corpo para ser queimado, mas não tiver amor, nada disso me valerá. 4O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. 5Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. 6O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. 7Tudo protege, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. 8O amor nunca perece; mas as profecias desaparecerão, as línguas cessarão, o conhecimento passará. 9Pois em parte conhecemos e em parte profetizamos; 10quando, porém, vier o que é perfeito, o que é imperfeito desaparecerá. 11Quando eu era menino, falava como menino, pensava como menino e raciocinava como menino. Quando me tornei homem, deixei para trás as coisas de menino. 12Agora, pois, vemos apenas um reflexo obscuro, como em espelho; mas, então, veremos face a face. Agora conheço em parte; então, conhecerei plenamente, da mesma forma como sou plenamente conhecido. 13Assim, permanecem agora estes três: a fé, a esperança e o amor. O maior deles, porém, é o amor."
I Carta de São Paulo aos Coríntios, cap. 13

Sem comentários:

Enviar um comentário