domingo, 19 de agosto de 2007

Ilusão

"Quando a uma árvore são cortados os ramos da copa, vão-lhe nascendo mais perto da raiz novos rebentos. Do mesmo modo, também as almas que ao despontar adoecem e quase fenecem regressam frequentemente à primavera dos sentimentos, à apreensiva infãncia onde tudo começa, como se aí pudessem encontrar novas esperanças e reatar o fio condutor da vida que antes fora quebrado. Os rebentos que brotaram perto das raízes anseiam por uma rápida ascensão, mas tudo não passa de uma ilusão, pois nunca a partir deles se voltará a desenvolver uma verdadeira árvore."

Hermann Hesse, in 'Hans'

2 comentários:

  1. Não vou querer contestar a reflexão de Hermann Hesse, simplesmente, lembro que, o exercício do regresso à primavera dos sentimentos, poderá efectivamente reatar o fio condutor da vida. Não porque antes tenha sido quebrado, mas sim porque tinha enfraquecido. Do mesmo modo, quando o fio condutor da vida da árvore se nota enfraquecido, o "podador" cortando os ramos certos, no local devido, revitaliza-a, fortalece-a. Parece-me caro Pedro Rapoula que o sucesso de ambas as operações poderá estar contido num processo que depende exclusivamente da acção que todos reconhecemos como a única vitamina da vida... Amor!
    Podem-se à árvore os ramos que não a beneficiam e ao homem aqueles que lhe minam a alma, utilizando a tesoura do amor.

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  2. Belo comentário, que subscrevo inteiramente. Não sei porque é que não se pode voltar a construir uma verdadeira árvore, isso é o mesmo que dizer que só há uma oportunidade. Uma árvore é o seu tronco, é aí que está a força, os rebentos e os ramos vão nascendo, crescendo e morrendo ao longo da sua existência, isso é o curso normal das coisas.

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