sexta-feira, 31 de agosto de 2007

«Não meças o amor pelo tempo que dura;
Ontem amei-te mais nessa hora tão ligeira,
Senti maior prazer, gozei maior ventura,
Do que se ao pé de ti passasse a vida inteira.

Deixa que esta paixão termine com o dia,
Efémera recém nascida à madrugada,
E que ao cair do sol, nessa hora de poesia,
Deixou pender no chão a fronte desfolhada.

Fiquemos sempre assim, um ao outro ignorados
Nestas vagas regiões duma paixão nascente.
Sigamos cada um caminhos separados;
Com uma hora de amor e alma é já contente.»

Júlio Dinis

1 comentário:

  1. Lindo poema. Mas podemos sempre valorizar o pouco, sem desistir do muito...

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