terça-feira, 30 de setembro de 2008

Escutas Íntimas...



Escuto mas não sei
Se o que oiço é silêncio
Ou Deus

Escuto sem saber se estou ouvindo
O ressoar das planícies do vazio
Ou a consciência atenta
Que nos confins do universo
Me decifra e fita

Apenas sei que caminho como quem
É olhado amado e conhecido
E por isso em cada gesto ponho
Solenidade e risco

Sophia de Mello Breyner Andresen


Este poema tem, neste dia de hoje, para mim um sentido especial… Tive uma conversa que me tocou as entranhas, porque me fez libertar o que sinto da minha relação com Ele. Numa partilha franca e aberta, em conversa orante, com alguém que me conhece desde há muito tempo, deixei que de mim se soltasse o Seu sopro. Vou percebendo a minha Missão. Sim, ao que sou chamado… Mesmo correndo o risco de más interpretações ao escrever algo tão íntimo num post, num blog, publico porque quero tornar público, de todos… Não posso guardar o que sinto, porque não vem de mim, vem desta relação que vou estabelecendo com Ele.

No último post falava do vazio que senti, mas que me levou a uma (re)descoberta do Amor… Um vazio que dói e muito! No entanto, é uma dor regenerativa, como que seiva de luz vinda dos vales sagrados dos eternos tempos… É uma sensação estranha, mas… surge a forte sensação de O escutar… É estranho, mas tão bom. Como que se sentisse o envolvimento pelo infinito e que segreda… ESTOU AQUI! Ai, como sou feliz, meu Deus… Chamem-me louco, internem-me. Mas os meus olhos, a minha boca dirão sempre a profundidade da sensação de ser Amado e de conhecer o Amor… Mesmo na consciência do sofrimento que passarei, pelas incompreensões, sei que será sempre sofrimento para gerar Vida… Eu sei que sou louco ao escrever estas coisas por aqui, mas que fazer? Calar-me com pudores e vergonhas? Não posso calar… Nos meus últimos Exercícios Espirituais apercebi-me que um dos meus pecados é o silêncio… Silenciar-me por medos e vergonhas… Não faz sentido…

Porque ao silenciar-me posso impedir que alguém, nem que seja uma pessoa só, possa também descobrir ou, até mesmo redescobrir, um pouco deste sentimento que vivo… Porque não é só para um… É um sorriso aberto, um abraço dado e um beijo respirado, na fusão que acontece, quando em cada gesto coloco(amos) a solenidade pedida e o risco de quem vive o Amor diante do silêncio habitado… Creio que toco ao de leve no sentimento descrito por Paulo, o Santo… Creio que há já um bocadinho em mim que não vive, mas sim Ele a viver em mim… Obrigado!

1 comentário:

  1. Anónimo10:28

    Obrigado Paulo pela coragem!
    Abraço amigo . JJ

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