domingo, 21 de fevereiro de 2016

Párocos e missas em série aos domingos




Dulce Antunes - momento em que, na minha ordenação, dou o abraço sacerdotal ao P. Mário Sousa, grande amigo e pároco da Igreja Matriz de Portimão

Este fim-de-semana foi vivido de forma diferente. No sábado, de manhã até ao início da tarde, estive no Click it Scout (um encontro para escuteiros, com palestras em formato TED). Boas conversas surgiram, a partir de bons projectos partilhados por ali. Os organizadores estão de parabéns. Tenho a sensação que muitos viveram verdadeiros “Click’s” de coisas a pensar e a viver, com o tanto que foi ali partilhado. Depois fui celebrar Missas em Eiriz, Carvalhosa e Senfins, no Concelho de Paços de Ferreira. O P. Tiago, pároco daquelas comunidades, foi fazer uma formação e pediu-me para lá ir. Uma nova experiência. Não o de celebrar Missas, evidentemente, mas o de celebrar muitas Missas em pouco tempo. Foram 4 e não foram mais, pois acabou por pedir a outros padres para celebrar noutras comunidades. Como não sou pároco, apenas tenho ouvido as partilhas dos meus colegas que têm à sua responsabilidade muitas comunidades. Não faz sentido comparar cansaços, apenas fiquei a pensar o quanto pode desgastar isto de celebrar Missas em série aos domingos. Eu vivi bem, além de as comunidades serem muito vivas, organizadas, participativas, o que ajuda bastante, foi uma vez. No caminho, de regresso a casa, vinha em pensamentos soltos: “e se isto fosse assim todas as semanas, terias o mesmo fulgor?” Tem de haver grande força, de oração, de entrega, de companheirismo, para poder viver a densidade do que significa celebrar cada Missa com ânimo e disponibilidade. Compreende-se quando surge o cansaço, com os riscos de tornar a celebração mais ritualista, que verdadeiro e sentido ritual. Eu vivo muito a Missa como um grande momento coreográfico, onde cada gesto é habitado, dando silêncios e deixando-me embrenhar pelo mistério da força do ritual. Como padre sou intermediário da graça de Deus… e não quero ser um funcionalista do ritual. Mas estes dias ajudaram-me a perceber que pode haver esse risco… e também a compreender ainda mais os meus colegas párocos, em especial os que têm a missão de levar pela frente muitas comunidades. Um Abraço especial, com a minha oração, a todos os meus colegas párocos.



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