segunda-feira, 2 de maio de 2016

Defesa da Escola [ponto]




Quando estudei em Paris, dei apoio na formação no nosso colégio situado bem no centro da cidade. Sendo um colégio jesuíta, vive o projecto educativo a partir da pedagogia inaciana, com o evidente cariz católico. Tem alunos cristãos, judeus, muçulmanos e ateus. E é, tal como outros similares, financiado pelo Estado francês, tão conhecido pela sua laicidade. Sim, porque não se confunde laicidade (o Estado não tem nenhuma religião oficial) com anti-religioso (vamos eliminar a religião da face da terra). A famosa igualdade francesa faz com que todos tenham acesso ao estudo (como não podia deixar de ser), aliando-se à igualmente famosa liberdade francesa, que permite a possibilidade de escolha do projecto educativo de estudo.  Já agora, a famosa fraternidade recorda-nos a riqueza da diversidade que pode dar pontos de vista distintos, por exemplo, se todos os parceiros sociais são ouvidos na apresentação de uma lei ou de um despacho que pode visar a vida de milhares de pessoas, muitas delas trabalhadoras.

Em Portugal, o Estado, em seu tempo, necessitou das Escolas com quem estabeleceu contratos de associação, não só por questões geográficas, mas por perceber a mais-valia dos projectos educativos. Afinal, o que interessa na educação é o desenvolvimento humano do aluno, que implica intelecto e virtude. Para isso, ajuda a boa formação dos educadores docentes e não docentes, em colaboração com a família directa. 

Como em política há, infelizmente, muitos interesses pessoais (e ideológicos), os (des)acordos correm riscos em ser feitos a partir da realidade abstracta, mencionando, p. ex., questões económicas, sem conhecer as escolas no concreto, com o que nelas se faz em prol da sociedade. As escolas com contrato de associação prestam serviço público de qualidade e excelência para todos, independentemente da capacidade financeira do agregado familiar. Sobretudo para quem desconhece esta realidade, convido a ir até ao Colégio das Caldinhas (entre Sto. Tirso e Famalicão) ou ao CAIC (em Cernache) para conhecer no terreno o que se faz, como funciona a nossa pedagogia. Pode assim ver no concreto e falar com quem cá passa os dias, acompanhados pelo lema “educar para servir”. Há tanto que aqui se vive que, por respeito, não é de se partilhar por aqui, mas de se ver e ouvir em rostos que falam da escola como 2.ª casa e 2.ª família.


Se o Estado caminhasse para a liberdade que tanto deseja, permitiria que a escolha da educação fosse uma realidade cada vez mais forte. Afinal, a Pátria (ou porque não “Mátria", já que ontem foi dia da Mãe) deveria contribuir para que todos possam sonhar, crescer e desenvolver-se em verdadeira liberdade de pensamento e educação.

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