segunda-feira, 27 de junho de 2016

Amamentar




Alex Midura /Reuters

[Secção coisas de Corpo] Tem acontecido, quando há celebrações por aqui, de me pedirem para usar o meu gabinete para amamentar. Aparentemente por ser um local resguardado para a criança. Mas, não, engano! É por ser um local resguardado para os outros… em especial os que sentem incómodo, até mesmo nojo, de ver a “cena”, ou seja, o conjunto mama e bébé a mamar. Como é possível que se tenha de resguardar, fugir, de olhares e comentários reprovadores, até para uma casa-de-banho (que sítio para comer!?!?) para viver algo de tão natural que é alimentar uma criança? Esta coisa de puritanismo corporal faz-me alguma confusão, ainda mais quando nos referimos ao básico: tipo, somos mamíferos! “Ai, padre Paulo, mas a senhora tem de tapar o seu peito [vulgo, mama], por ser indecoroso!” Indecoroso é a falta de respeito na forma como as mulheres são destratadas também por terem de se esconder para alimentar as suas crianças. Isto de ensiná-las a estar à mesa é só a partir de uma certa idade. Antes, não escolhem nem hora, nem local, para comer. Têm fome e pronto. Quem tem rasgos de puritanismo e pudor excessivo com a mama alheia, abra um pouco mais os horizontes, estudando e conversando sobre, por exemplo, o profundo significado da relação, do vínculo e do afecto mãe-criança que se estabelecem nesses momentos únicos.

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