quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Humanizar a morte




Achintya Guchhait


Ontem jantei entre conversas de anjos. Melhor, com anjos. No meio de tanto, falou-se, em especial, de humanizar a morte. Afinal, conhecemo-nos num encontro de formação sobre cuidados paliativos neo-natais. Há medo de falar da morte, em especial com quem está para partir ou quem está a cuidar. Talvez não se saiba como. Não é tema fácil, nem desejável. Mas atravessa-nos a todos, sem excepção. Exigimos a vida, ou coração a bater, em respiro, para dar aquele tempo de perdoar ou de ser perdoado. Em tanta gente os gritos são silenciosos e nada iguais. Quer-se libertar culpas e dores, mais que físicas, de alma. Não se executam técnicas, apenas, por vezes, são necessários o toque, a presença e nenhuma palavra. Os anjos encontram-se… e ontem partilhámos sobre a humanização da morte, nesse desejo de aproximar quem é cuidado e de quem cuida à Vida.

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