sábado, 29 de outubro de 2016

Licenciaturas inexistentes



Einar Orn


[Secção desabafos] É inevitável, dá grande tristeza ver como estão as coisas pela política em Portugal. Sem ficar na ingenuidade, sabe-se que os interesses pessoais abundam na nossa cultura portuguesa: desde o “dá aí um jeitinho” até à entrada para o governo com mentiras sobre a formação, sem esquecer casos sérios de corrupção. A polis fica desgovernada e, para quem governa, o silêncio corre o risco de mostrar que o que mais se quer não tem que ver com a evolução, ou crescimento, social ou comunitário, mas com o próprio bolso, à custa de muitos, e, mais assustador, com a manutenção de poder, custe o que custar. Mais um caso de licenciaturas (no plural) inexistentes e de uma demissão (no singular). É estranho. Não me parece que seja caso para um governo cair… no entanto, sendo no Ministério da Educação, diria que a situação é muito grave. Grave por ser exemplo no Ministério que deveria promover aquilo que também é básico na sociedade: a educação. Quando se usa a expressão “bem“ ou “mal-educado”, refere-se a valores, como o respeito pelo o outro. Já há muito que se vê que a política, que também tem que ver com nomeações ministeriais, anda um pouco mal-educada. Infelizmente, ampliando-se para o governo e mesmo em partidos políticos, nessa má-educação perde-se o sentido dos valores da política, no cuidar, governar, responsabilizar-se, pela polis. A política segue, infeliz e tristemente, em passos de perda de credibilidade. A educação para a cidadania acontece sobretudo a partir de bons exemplos, que promovam o pensamento, a reflexão, junto com a honra e o sentido de serviço ao próximo. É preciso muita humildade para ser líder, seja na Presidência, num Ministério, numa Secretaria de Estado, numa Chefia de Gabinete. Mas, claro, isso são devaneios de quem tem em mãos a responsabilidade de educar para os valores… sabendo que, daqui a pouco, surge algo parecido com dialectos ternurentos que se tornará viral, fazendo esquecer, mais uma vez, “pormenores” na vida política portuguesa.

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