sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Arcanjos




Helena Mestre - no último Campo de Férias

[Secção pensamentos soltos - especial festa dos arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael] "Deixa-te levar. Confia.", disseram-me no momento surpresa aos animadores no Campo de Férias. Os passos de evolução pessoal conduzem à liberdade de também deixar-se ser levado, quando tal faz sentido. 
- Ah, mas, ainda assim, podes ser encaminhado para algo que não queiras ou não gostes.

- Se em ti o Bem ganha lugar, todo o caminho, mesmo o mais escurecido, é oportunidade para que Ele se torne ainda mais presente. Afinal, apesar de apenas tu o puderes percorrer, anjos e arcanjos, também de carne e osso, não se cansam em dizer "deixa-te levar. Confia."

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Silêncio




[Secção convite ao silêncio] "Não tenho tempo para ter tempo para mim." Deste ou de modo similar, vai-se repetindo o pensamento. Acrescenta a culpa que surge pela paragem com tanto para fazer, como se se tivesse de provar com a azáfama que se é bom pai ou boa mãe, bom ou boa profissional, bom religioso ou boa religiosa, etc.. Se não há esse tempo, todo o outro perde qualidade. E se alguém julgar quem vive a capacidade de parar, claramente necessita de fazer silêncio.

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

477 | 14




Inês Furtado - no último Campo de Férias

[Secção vida] O tempo traduz-se em muitas pessoas e histórias que guardo no coração. Dentro dos quase 38 anos de vida, celebro 14 de jesuíta, a juntar, neste mesmo dia, aos 477 da Companhia de Jesus. É de agradecer e muito: a Companhia e o que nela tenho descoberto de força da divindade em encontro com a humanidade, nesta nossa espiritualidade tão encarnada no sentido do amor e do serviço ao próximo. Um Abraço a todos os jesuítas por esse mundo fora, com a minha oração ao “Senhor de todas as coisas” por nós, pelas nossas missões e por todas as pessoas que nos ajudam a ser quem somos.


domingo, 24 de setembro de 2017

[...]




Jonathan Ernst/Reuters

[Secção pensamentos soltos após leitura de algumas páginas da recente carta de “correcção filial” ao Papa francisco] Cheguei há pouco de Soutelo. Estive a orientar Exercícios Espirituais. Sinto-me profundamente agradecido por ver como Deus trabalha no coração de quem se deixa amar em verdade… em profunda verdade consigo mesmo e com Ele. É um desafio estranho, que nos pode levar por caminhos de maior abertura ao imenso que Deus nos pode propor. Além do mais, a beleza da conversão, em perceber como se podem derrubar pequenos e grandes ídolos, até mesmo de imagens de Deus, chegando um pouco mais ao “Deus clemente e compassivo, justo e cheio de misericórdia” que o Salmo de hoje nos recorda. Também tem que ver com o Evangelho de hoje: todos recebem um denário: tanto os que trabalharam o dia inteiro, como os da última hora. Todos recebem o mesmo. Injusto? Sim, se não se compreender o amor de Deus. 

Depois da chegada, passo os olhos pelas notícias online e vejo que houve a publicação de uma carta de “correcção filial” ao Papa Francisco. Só o título da carta causa-me bastante incómodo, junto com o uso do sete, número bíblico da plenitude, na enumeração das “heresias”, ainda mais escritas em latim. Comecei a ler e apenas continuei por esta mania minha de tentar pôr-me no lugar do outro sem julgar. Mas, chega a um ponto que, de momento, não consigo seguir para mais páginas, já que me apercebo da falta de conhecimento do terreno, da “adamah”, das vidas concretas das pessoas, em resumo, do sério sentido do mistério da Encarnação. Ecoa-me o evangelho, onde os trabalhadores de todo o dia gritam a injustiça, em atitude de corrigir o dono da vinha: “Estes últimos trabalharam só uma hora e deste-lhes a mesma paga que a nós, que suportámos o peso do dia e o calor.” 

O preâmbulo de que são movidos pela fidelidade a Jesus e amor à Igreja, impele à “correcção”, com as justificações bíblicas e teológicas para o fazer, levando à acusação de heresia. Isto porque algumas publicações e afirmações do Papa Francisco provocaram escândalo. Mas, que tipo de escândalo? De se deixar de segregar pessoas? De se abrir portas às conversões profundamente humanas e espirituais sem ser ao ritualismo? De ajudar a que as pessoas possam conhecer o Deus da liberdade que tanto incomoda a quem gosta de ter gente subjugada a regras moralistas e castradoras? De promover a possibilidade de dar a conhecer uma Igreja que acolhe, recebe, compreende, porque ela mesma, Igreja, recorda que se envolveu com o poder que a levou a rejeitar, segregar, inclusivamente matar, percebendo, então, que por aí não era o caminho? Vamos ver, que se possa discutir teologicamente, também a partir dos dados que todas as ciências na actualidade  nos dão, os argumentos, as interpretações, de forma construtiva do modo a ajudar a crescer este grande Corpo místico de Cristo: bendito seja Deus. Agora, que se queira, sete séculos depois, na atitude paternalista que tanto jeito dá em subjugação, repetir a “correcção filial”, é de andar-se a desejar o poder que não é de Deus. 

Francisco continua a não responder a este tipo de atitudes. A melhor resposta é o testemunho. Podem fazer muito ruído com argumentos de “escândalo” e de “promoção de perda de unidade e da fé católica”, mas a autenticidade com que Francisco mostra o profundo amor que tem por Deus e pela Humanidade, é silêncio habitado por justiça de, voltando ao Evangelho de hoje, quem dá o igual pagamento a todos. Isso, para quem quer ser segregacionista, é difícil de suportar, percebendo-se facilmente a amargura nos seus corações. Quer queiram, quer não, a grande manifestação de fé é a alegria de quem é capaz de amar profundamente o Deus do amor e o próximo como a si mesmo.

Espera, sem cansaço



[Secção outros tons] Espero por ti, sem cansaço, entre cores da tua estação. Nunca te tirarei a liberdade dada, mesmo sabendo que poderás não querer voltar. Espero por ti, sem cansaço.

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

O luto pede silêncio




O luto pede silêncio. E assim tenta-se escutar os sentimentos que brotam em perguntas. De fundo, há confiança na Vida já abraçada. Essa fé que ilumina novos tempos. As perguntas são do aqui e do agora em renovação, onde o essencial quer ganhar sentido. Do legado dos que partem deveria ficar a vontade de amar (ainda) mais. Só o profundo amor acalma todas as perguntas. Para a ele chegar, o caminho continua a ter de ser feito com muito silêncio, abandono e agradecimento. Até breve, Companheiros. 

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Anoitece




[Secção outros tons] Anoitece: no silêncio surge a oportunidade de perceber a luz de tantos momentos vividos.

Amanhece



[Secção outros tons] Depois da oração da manhã.

domingo, 17 de setembro de 2017

Perdão e vida




Tony Burns

“P. Paulo, sinto-me lixo por tudo o que fiz.” Recordei esta expressão, dita por alguém que viveu um caminho de conversão, ao rezar os textos do dia de hoje. A sua vida foi marcada por muitas atitudes e comportamentos deploráveis. O processo de conversão começou quando deparou-se com a doença mortal. Passou pela revolta e negação até perceber que não teria muito mais tempo de vida. “Quer viver em amargura até ao momento da passagem? Ou permite-se amar-se apesar de tudo?” Estas conversas nunca são fáceis. Entre afirmar a realidade e ajudar a vivê-la com serenidade são horas de respeito. O livro de Ben-Sirá recorda-nos hoje que podemos viver amargados e amargurados com a podridão das nossas faltas para connosco próprios e para com os outros. Se faço mal, eu sou o primeiro visado. O mesmo livro recorda o fim da vida como momento em que nos confrontamos com a nossa realidade, exortando-nos a sair do ódio. Podemos ter feito do pior, mas Deus está pronto a perdoar e a dar uma nova oportunidade em mostrar-nos que das suas mãos criativas nunca sai lixo, mas beleza. “P. Paulo, apesar das dores horríveis, sinto como nunca senti a paz do perdão.”

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Cadernos e deserto




Casey French

Encontrei dois cadernos daqueles onde vou escrevendo os pensamentos. O mais antigo tem mais de 10 anos. Não resisti a folhear. Surgiram muitas memórias. Tanto que já passei desde aí. Houve momentos em que escrevia mais, outros apenas uma palavra, com saltos de meses sem registar o que fosse. Desperta a recordação: o silêncio aconteceu em aparente deserto interior. Na altura, sentia-o, como se nada houvesse em mim, tanto de fé, como de emoções. Com esta distância, apercebo-me do engano. Afinal, houve muita agitação de busca da identidade e da vocação. Ser padre ainda era algo tão longínquo, parecendo quase impossível de vir a acontecer. Na altura, marcou-me a passagem do profeta Oseias: “vou levar-te ao deserto para falar-te ao coração”. No aparente deserto, o silêncio permitia os gritos de entranhas, libertando perguntas que me fustigavam o ser. Apesar do misto de vergonha, medo e pudor, fui libertando as amarras da pseudo-deferência diante de Deus. Os desertos, em geral, são metáforas de morte. Com Deus, são travessias de Vida. Vou continuar a folheá-los e, em oração da noite, agradecer o muito vivido.

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Aroma de chá




[Secção outros tons] A terminar o dia.

Família alargada




[Secção animais] A Crunchie e o Bumby tiveram 3 crias, já todas a animar crianças. Entretanto, já na casa de Verão (sim, estiveram de férias do dono), tiveram mais 7. Já estão crescidas e é uma animação aqui na caixa. Aqui vos apresento todos a dormir em família.

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Educar para os sentidos




Jobit George

Neste início de tempo lectivo, partilho o texto “Educar para os sentidos” que escrevi para a Revista da Misericórdia de Santo Tirso, publicado na edição de Julho 2017.

A educação é tema complexo... e, tal como o ser humano, nunca assenta em neutralidade. A nós, jesuítas, sempre nos apaixonou desde cedo. Santo Inácio de Loiola, o nosso fundador, apercebeu-se da riqueza que era formar pessoas, dando-lhes valor e dignidade pela aprendizagem em “letras e virtude”. A pedagogia inaciana, inspirada nos Exercícios Espirituais, conduz a que a pessoa desenvolva e explore os seus talentos, com liberdade de pensamento e religião, em serviço da humanidade. Não é por acaso que o lema dos nossos colégios é o de “Educar para Servir”. 

Indo à etimologia de Educar, chegamos ao latim educare/educere, com o sentido de conduzir, direccionar, orientar para fora. Em modo simples, poderíamos dizer que é ajudar o outro a encontrar sentido na sua vida, dando-lhe ferramentas humano-afectivas e intelectuais. Que significam essas ferramentas humano-afectivas? Da minha perspectiva, têm que ver com a atenção que damos aos sentidos e à afectividade. É o que exploraremos neste breve texto. 

Antes de falar dos sentidos e da afectividade, é de me deter um pouco sobre a questão da corporeidade. É sabido que não temos um corpo, mas que somos corpo. Este ser corpo implica as várias dimensões que o compõem: biológica, psicológica, racional, social e espiritual. Estas dimensões vão interagindo entre si. Pensando na educação, por exemplo, se houver cansaço biológico, não se alimentar adequadamente, a dimensão racional será afectada, provocando nervosismo por não se conseguir realizar uma prova. Ou, se, para além de pressões sociais para esta ou aquela nota, houver descontração na realização de um projecto com base num gosto pessoal, surge a serenidade e o ânimo. Cuidar do corpo que somos, implica o cuidar pessoal, com a totalidade do ser. 

A nossa realidade enquanto pessoas é marcada pelo corpo que pode ter características de individualidade, o “eu”, e de comunidade, o “nós”. Se somos corpo, também somos algo fundamental: corpo em relação. Afinal, apelando à dimensão social, inevitavelmente estamos limitados a determinado tempo e espaço, implicando a presença de determinada cultura na nossa vida. Essa cultura, que começa a entranhar no ser já desde a concepção, vai-se desenvolvendo no modo como se educa a criança, tanto na tomada de consciência de si, da sua individualidade, como da sua presença na primeira comunidade que é a família. 

A consciência da individualidade está muito relacionada com os sentidos. A visão, a audição, tacto, o paladar e o olfacto, na sua organicidade, permitem-nos orientar na nossa presença no aqui e no agora. No entanto, se aprofundarmos um pouco mais os mesmos sentidos, a presença no aqui e no agora humaniza-se. A educação ajuda a ver para além do olhar, a apurar a escuta para além do que se ouve, a deixar que o toque seja transmissor de segurança e de respeito, a permitir o saborear da vida nesse alimento que pode traduzir história e memórias, em conjunto com o aroma que fala de lugares e de pessoas. A criança, antes de qualquer racionalidade, começa a descobrir o mundo a partir dos seus sentidos, conhecendo-se enquanto corpo que é, afectando-a, deixando marcas.

Falar de afecto é falar igualmente de relação. O que é que me afecta? Mais do que “abracinhos” e coisas fofinhas, o afecto é básico na nossa formação enquanto pessoas. Não é coisa de meninas ou de mulheres, mas de todo o ser humano. Entre experiências e acontecimentos, são muitas as referências da importância do afecto e do carinho nos primeiros tempos de vida. Educar, direccionar para fora, implica mesmo estimular a partir do afecto. Vamos entender, claro está, o afecto no seu sentido positivo. Se houver um meio agressivo, de violência, de falta de amor, a criança também recebe esses estímulos. A criança no início do seu desenvolvimento é totalmente afectiva. Assim, todo e qualquer estímulo deve ser de cuidado, de carinho, de confiança. O modo como se educa afectivamente vai marcar a personalidade da criança. 

À medida que cresce, a racionalidade vai ganhando espaço. Então, nesse envolvimento cultural, a criança começa a imitar os comportamentos de quem está mais próximo: pais, outros familiares, educadores escolares. Nós aprendemos por imitação. Não adianta muito dizer algo quando o que faço é o contrário. “Não se grita às pessoas”, quando o modo de falar é aos berros com a mulher ou marido, ou o vizinho, ou com quem não se gosta. É fácil perceber que qualquer coisa não vai bem com quem é azedo nas palavras e nos gestos. Não, não é uma questão de personalidade, mas de problemas afectivos, consigo e com o mundo. Formar-se para educar afectivamente não é restrito ao exercício maternal ou paternal, mas de todo o educador que lide com crianças. Se a personalidade pode ter características genéticas, muito se deve ao modo como se educa. 

Para se educar é preciso ser-se paciente. Para se ser paciente é fundamental ter-se tempo para o poder dar à criança. As crianças sentem muito a nossa tensão ou descontração e reagem a esse mesmo estado. Em geral, as crianças irrequietas, são-no por viverem sob stress dos educadores que as envolvem. A criança é criança, não é um adulto em miniatura, necessitando de atenção. Educa-se a criança no seu espaço e tempo, sem que seja a partir da agressividade, mas da confiança. Muitas vezes surgem modos de educar que forçam a criança a cortes bruscos: “não pego ao colo para não se habituar mal” ou “tens de comer isto ou aquilo”. O forçar é agressivo. A criança por ser mais afecto que razão, tem de conhecer pelos sentidos. Dar-lhe tempo para descobrir as cores e os sabores, dar-lhe espaço para sentir o carinho pelo toque e, pouco a pouco, a descoberta da liberdade a partir da confiança e da segurança. 


Educar para os sentidos, é despertar a orientação, é dar sentido ao crescimento seja de quem for que nos é confiado, ajudando a que a pessoa seja o que é chamada a ser na sua plenitude. 

domingo, 10 de setembro de 2017

Texto a pensar em ti que entraste e em ti que não entraste no Ensino Superior




Riyas Muhammed

A ti que entraste:
Parabéns! Se foi onde querias, aproveita ao máximo esse desejo que foi brotando e agora vês realizado. O natural ânimo vai ajudar a superar os desafios que tens pela frente. Se foi onde não era bem o que querias, porque não agarrar a oportunidade? Haverá sempre a possibilidade de mudar, mas, ainda assim, algo novo está pronto a ser-te revelado: entre pessoas, sítios e ensinamentos, até poderás ter a surpresa de perceberes que faz sentido e ser o/a melhor daquilo tudo. ;) Enquanto és caloiro(a) vai aprendendo dos mais velhos, não só o que há a fazer, mas aquilo que não queres fazer. Não entres em competições estúpidas, que levam a injustiças e malvadez. Que as tuas classificações sejam sempre abrilhantadas de esforço, de verdade e de colaboração.

A ti que não entraste:
Poderás estar a dar voltas ao porquê, naquela sensação de frustração e vazio. Ou então, a deixar que a esperança da 2.ª fase ganhe sentido para avançar. Não, não és a pior pessoa do mundo. Não te compares com ninguém: a história e a vida são as tuas, o caminho é o teu. O mundo não acabou. Respira fundo e vê o que há a fazer para continuares a lutar pelos teus sonhos. O mundo pode dar voltas, levando-te a encontrar sentido de caminho onde menos esperas. Abre o coração às surpresas. ;)

A ambos:

O Ensino Superior é reconhecimento. No entanto, maior reconhecimento é alguém que trabalha os seus valores na contribuição de um mundo mais justo e humano. Por isso, seja em que etapa de vida estiverem, não sejam medíocres no pensar, na visão do mundo, nem se percam em imitações seja de quem for. Sim, inspirem-se em quem possa orientar para o crescimento humano, que implica o académico, mas, sobretudo, o de sentido de justiça e de serviço. Não guardem para vocês: partilhem, colaborem, humanizem o que vos envolve. Continuem a descobrir os talentos, a pô-los em prática. Não tenham problemas em reconhecer a fragilidade. É certo que em realidades tão competitivas, algumas mesmo selvagens, são os mais fortes que aparentemente ganham. No entanto, a fragilidade bem entendida, pode dar muita força… nesse caminho de humanização. Não esqueçamos: não somos máquinas, somos humanos.

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Silêncio




Pica - Francisco Mariz Rodrigues

[Coisas na vida de um padre] Antes da Missa de Campo, ou de algo importante, o silêncio do aqui e do agora.

Corpo e Fé e Corpo





[Secção coisas de corpo] Tirei esta foto há umas semanas. Esteve assim uns bons minutos. Achei um momento de grande delicadeza de fé que vive de corpo. Somos corpo. Alguns podemos acrescentar corpo orante, que vive a fé com dinamismo próprio de quem tem de tocar Deus. As imagens, em si mesmo, valem a emoção que lhes colocamos. Qual mãe gostaria que rasgassem sem mais uma fotografia do seu filho? Ou um aficcionado de um clube que diante de si queimassem a bandeira desse mesmo clube? A fé vive de afecto também em corpo. Abraçar uma fotografia no momento da saudade, tocar a imagem na oração, é manifestar a presença que vai para lá do objecto propriamente dito. Aquele toque não é apenas num pedaço de madeira transformado numa escultura. Na sua fé, sem grandes rebuscos argumentativos, toca a relação com Deus que se deixa tocar.

segunda-feira, 4 de setembro de 2017